Histórias ouvidas por Francisco Ferreira Filho durante as viagens em Juiz de Fora viraram conteúdo nas redes. Motorista diz também estar vivendo o sonho de cursar faculdade de jornalismo.
Frentista, jardineiro, livreiro, motorista de transporte por aplicativo e, em breve, jornalista. São muitas as profissões exercidas e as histórias vividas por Francisco Ferreira Filho, 51 anos, que, transformando o gosto pela comunicação e o contato direto com diferentes pessoas no dia a dia, resolveu inovar e dar voz aos passageiros que carrega pelas ruas de Juiz de Fora.
Logo ao sentar no banco traseiro do veículo, os clientes se deparam com um cartaz explicando a proposta, um microfone improvisado e uma câmera. Aqueles que topam são entrevistados durante as corridas, contando suas histórias de vida, que, depois, são publicadas na internet.
“Peguei um tubo de PVC e eu mesmo fiz o microfone, com um microfone de lapela que custou R$ 25, uma parte com microfone de karaokê e uma canopla. Minha sogra me arrumou o celular, que não tá funcionando o autofalante, mas grava bem. Aí fui conversar com as pessoas”.
A motivação, segundo ele, vem de longa data. “Sempre foi apaixonado por TV. Aos 19 anos, participei de uma peça de teatro em Dona Euzébia, minha cidade natal, e logo depois tentei fazer faculdade de jornalismo na UFJF. Não fui aprovado e, sem dinheiro para viver em Juiz de Fora, fui fazendo outras coisas”.
Trinta anos depois, ele diz que “voltou a pensar em comunicação”. Atualmente, está no 6º período do curso feito a distância.
“Escolhi o EAD por ser financeiramente mais viável, porque eu não tava conseguindo pagar uma faculdade de jornalismo tradicional, e para eu poder administrar o tempo dos estudos”.
Grave sua história
Segundo Francisco, motorista de transporte por aplicativo desde 2019, o aceite ou não de participar da iniciativa é do passageiro.
No entanto, muitos são os que aproveitam o percurso para contar suas experiências de vida.
“A história mais louca que teve foi de um rapaz que me pediu conselhos amorosos. Teve também uma outra história alegre, da dona Maria Aparecida, que entrou no carro dizendo que não queria gravar naquele momento, mas que iria fazer 73 anos e queria que eu fosse até o Morro de Cristo para gravar e filmar com ela. Filmei, gritei com ela e ainda pedi o pessoal que tava lá para bater palma para ela”. Assista abaixo:

