

A deputada Fabíola Mansur (PSB) parabenizou o grupo Ara Ketu, uma das bandas mais tradicionais da Bahia, pelos 44 anos de fundação, que serão completados no dia 8 de março, data em que também é celebrado o Dia Internacional da Mulher. Por meio de uma moção de aplausos, protocolada na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), a parlamentar destacou a história do grupo.
Conforme ressaltou Mansur, no dia 8 de março de 1980, data dedicada à celebração da força da mulher, foliões de Periperi, bairro do Subúrbio Ferroviário de Salvador, decidiram formar um bloco afro para marcar presença no Carnaval de Salvador. “A folia baiana, naquela época, passava por grandes transformações, que nos anos seguintes iriam mudar radicalmente as feições da maior festa popular do planeta”, afirmou.
Naquele momento, surgia o Ara Ketu ou “Povo de Ketu”, uma referência, ao mesmo tempo, carinhosa e cheia de vigor à nação de origem africana, com enorme influência sobre a formação cultural afro-brasileira. “Desde o primeiro momento, o Ara Ketu deixou claro que nascia para criar um diferencial no Carnaval da Bahia e na cena cultural brasileira”, frisou Fabíola.
Segundo a deputada, desde o princípio, apesar de ter se formatado como a maioria dos grupos musicais que floresciam à sombra das entidades carnavalescas de fortes raízes africanas, o Ara Ketu buscou um jeito próprio de pensar e fazer arte. “Não demorou muito para que as pessoas do bloco de Periperi passassem a pensar a música de uma forma cosmopolita, universal, sem discriminar qualquer tipo de som, de palavra, de expressão. A partir deste período começaram as viagens internacionais, levando para países da Europa, América Latina e cidades dos Estados Unidos a música que se produzia na Bahia”, explicou.
Em 1990, a banda incorporou novos elementos à sua música, devido a participação da empresária do Ara Ketu e diretora do Bloco Ara Ketu, Vera Lacerda, na criação do memorial da Ilha de Gorée, no Senegal.
Lá, ela conheceu de perto a musicalidade moderna africana: música de origem tribalística, eminentemente percussiva, misturada a sintetizadores, samplers e instrumental eletrônico. Este fato levou-a a implementar essa “nova” musicalidade na Banda Ara Ketu, fazendo as devidas adaptações musicais.
Aproveitando o melhor da percussão existente no Bloco Ara Ketu, bem como o vocalista, que já fazia parte do “Ara Ketu percussivo”, buscou-se o restante dos músicos para formar o instrumental eletrônico e o naipe de sopro, que tivesse identificação com essa nova formação.
Os músicos da banda então resolveram “importar” a ideia, readaptá-la à ritmia brasileira (nos sambas, músicas nordestinas e toques de candomblé) e realizaram a maior revolução experimentada pela música afro-baiana.
O Ara Ketu foi o primeiro dos novos grupos negros baianos a empunhar uma guitarra elétrica e misturar a música de percussão com eletrônica. Em sua discografia, o Ara Ketu tem álbuns de sucesso mundial, como “Ara Ketu Bom Demais” (1994), “Ara Ketu e o povo ao vivo de novo” (1999), “Vida” (2000), “Ensaio do Ara Ketu” (2002) e “Ara Ketu em Casa” (2020).
No Carnaval de 2024, a união entre Ara Ketu e Periperi ocupou o circuito Dodô, o Barra-Ondina, na quinta-feira (8 de fevereiro). O Bloco Ara Ketu, um dos blocos afro mais tradicionais da história do Carnaval de Salvador, voltou às ruas com as raízes de Periperi reveladas para o mundo.
“Hoje, o Ara Ketu é um grupo de reconhecimento mundial. Mas isso não traz acomodação. Pelo contrário, cada vez mais propõe novos desafios, revitalizando a tradição e levando a música negra para novas direções”, disse Fabíola.
Toda a evolução musical é confirmada em números. Em novembro de 2023, o Spotify informou à banda que houve um crescimento de 30% no consumo da discografia do Ara Ketu neste ano, totalizando 23 milhões de streamings em 170 países, levando a força afro e suburbana para o mundo.
Com uma história inconfundível, o Ara Ketu tem hits atemporais como “Ara Ketu é bom demais”, “Pipoca” e “Mal Acostumado”. Atualmente comandado pelo vocalista Dan Miranda, a banda já contou outros grandes nomes da música baiana como Larissa Luz, Tonho Matéria e Tatau.
“O Ara Ketu tem uma bela trajetória e ela segue nos encantando. É uma honra para esta deputada inserir nos Anais da Assembleia Legislativa da Bahia a trajetória do Ara Ketu. Eu sou fã da banda desde seu nascimento. O Ara construiu uma história marcante para a cultura brasileira”, afirmou.