A última Campanha de Vacinação contra a Febre Aftosa na Bahia foi antecipada para o período de 1º a 30 de abril e será um marco histórico na defesa agropecuária do Estado. A etapa marca o fim de 146 ciclos de imunização dos rebanhos bovino e bubalino, estimados em cerca de 13 milhões de cabeças em todo o território baiano, sendo o 7º colocado no ranking nacional. Desde 1968 os produtores vacinam seus rebanhos na Bahia e nos últimos 20 anos, os índices vacinais estiveram acima dos 90% exigidos pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Para esta última etapa histórica, a expectativa da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), é vacinar 100% dos rebanhos bovino e bubalino. Os produtores terão até o dia 17 de maio para declarar a vacinação e informar a geolocalização das propriedades pelo site www.adab.ba.gov.br ou em um dos 376 escritórios da Agência nos 27 Territórios de Identidade.
O esforço conjunto entre setor produtivo e Adab, aliado à evolução do sistema de defesa agropecuário estadual, possibilitou a chancela do Mapa para a suspensão da vacinação a partir de Maio de 2024, com a nota 9,3 , a maior entre 17 estados da Federação. “Com isso haverá uma economia direta de, aproximadamente, 100 milhões de reais/ano com custos para aquisição de vacinas, manejo do rebanho, além de outros benefícios com a ampliação do parque agroindustrial e agregação de valor às exportações com abertura de novos mercados”, destaca o diretor geral da Adab, Paulo Sérgio Luz, salientando que o apoio do setor produtivo nesta última campanha será de extrema importância para vacinar 100% do rebanho.
Zona Livre Sem Vacinação: Antes mesmo do início da última Campanha de Vacinação contra a Febre Aftosa, equipes da Adab já estão executando a vigilância sorológica, visando demonstrar a ausência do vírus da Febre Aftosa na Bahia. A ação compõe o Plano de Vigilância do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA), para o ano de 2024, cujo objetivo principal é comprovar que a Bahia tem condições para pleitear a Certificação Internacional de Zona Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação.
O Plano está alinhado com o Código Sanitário para os Animais Terrestres da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e com as diretrizes do Programa Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa (Phefa), cuja meta é erradicar a doença na América do Sul e suspender, gradualmente, a vacinação contra a Febre Aftosa em todo o território brasileiro. “A sorologia que iniciamos em março é uma atividade essencial para avaliar o risco de doenças como a Febre Aftosa em populações animais. O trabalho será concluído em junho e seguirá todas as etapas recomendadas no Guia Sorológico do Ministério da Agricultura”, explica o médico veterinário da Adab e Coordenador do PNEFA-Ba, José Neder. Segundo ele, o tamanho da amostragem para o estudo soroepidemiológico foi estimado para detectar a transmissão do vírus da Febre Aftosa nas áreas propostas, com um nível de confiança de 95%.
Propriedades com bovinos com idade de 6 a 24 meses, de maior risco e com maior número de movimentações foram definidas como locais para a sorologia, com o intuito de aumentar a sensibilidade do estudo. Algumas fazendas são sorteadas aleatoriamente, a partir de dados cadastrados enviados pelos estados ao Departamento de Saúde Animal.
História da Febre Aftosa na Bahia: A Bahia foi um dos estados pioneiros na implantação do programa contra a Febre Aftosa no Brasil. Tudo começou em 28 de fevereiro de 1968, quando a Bahia criou o GERFAB (Grupo Executivo de Erradicação da Febre Aftosa na Bahia). Em seguida, vieram o Instituto Biológico da Bahia (IBB), a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) e o Departamento de Defesa Agropecuária (DDA). Já na primeira década de campanhas, houve um grande avanço nos números. Em 1979, os produtores vacinaram mais de 5,7 milhões de animais. Na década de 1990, o combate à aftosa se intensificou em todo o país, sob a orientação do MAPA e na Bahia, a participação dos produtores foi fundamental. O último foco da doença registrado no estado foi em 1997, no município de Jussari.
Logo no início dos anos 2000, várias iniciativas se destacaram: o processo de testagem sorológica para comprovar a ausência do vírus nos rebanhos suscetíveis, a criação da Zona Tampão da Bahia e do Fundo de Apoio à Pecuária do Estado da Bahia (Fundap). Com isso, em Maio de 2001, a Bahia alcançou o primeiro grande feito, conquistando a Certificação Internacional de Estado Livre da Aftosa com Vacinação.
A partir de 2010, a Adab realizou seis sorologias consecutivas, todas com bom resultado. Foram criadas, reorganizadas e reaparelhadas 42 barreiras sanitárias. “Centenas de animais suscetíveis sem documentação adequada foram sacrificados. Rebanhos, propriedades e produtores foram cadastrados e, em seguida, esse cadastro foi digitalizado. E ainda implantamos o Sistema de Emissão de Guia de Trânsito Animal Eletrônico (GTA)”, lembra o médico veterinário da Adab, Valentin Fidalgo, que acompanhou todo o histórico de combate à Febre Aftosa na Bahia, desde que era estudante da Universidade Federal da Bahia e atua na Adab até hoje.
Contando com 172 médicos veterinários nas áreas de defesa sanitária animal e inspeção, além de 376 escritórios municipais de atendimento ao criador, a Adab está presente em quase todas as cidades, levando o Serviço Veterinário Oficial. Cerca de 480 mil GTA´s são emitidas por ano e já são 400 mil propriedades rurais cadastradas e geolocalizadas. Em todo o estado, são mais de 1.000 pontos habilitados a vender vacinas e outros produtos pecuários. “Agora, estamos prontos para receber o Certificado Internacional de Zona Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação para fortalecer a produção de proteína animal na Bahia, com garantias de mais desenvolvimento e futuro pra toda a nossa gente”, finaliza o diretor de Defesa Sanitária Animal, Carlos Augusto Spínola.
Ascom Adab 26.03.24
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