Análise do 2º turno de 2024 nas capitais e suas implicações políticas
Neste episódio, analisamos as recentes eleições municipais de 2024, onde Bolsonaro e Lula enfrentaram vitórias e derrotas em várias capitais. Enquanto Bolsonaro celebrou cidades do agronegócio, Lula viu aliados triunfarem em locais estratégicos, como Belo Horizonte e Fortaleza. Além disso, exploramos como figuras emergentes como Caiado, Ratinho Jr e Helder Barbalho podem influenciar o cenário político nas eleições de 2026, destacando a importância das alianças.
Olá, leitores internéticos desse mundo digital, o assunto hoje é eleição municipal. Em especial, nas capitais: Onde Bolsonaro e Lula perderam e ganharam – e como Caiado, Ratinho e Helder podem ascender em 2026. Eu explico.
Jair Bolsonaro saiu derrotado neste 2º turno em relação ao 1º. Havia para ele a esperança de levar em pelo menos seis capitais das dez onde aliados diretos do PL ou partidos amigos disputaram. Mas o presidente Lula da Silva não tem muito o que comemorar também. Embora aliados declarados tenham levado a disputa em pelo menos três capitais (Belo Horizonte, Belém e Fortaleza), o Centrão mais uma vez pode comemorar a vitória no pleito de 2024. O alívio para o presidente petista é que alguns dos partidos do Centro que venceram a eleição tendem a uma quedinha para a esquerda e ter boas relações com o Governo Federal.
O ex-presidente Bolsonaro levou a melhor com a reeleição de Ricardo Nunes na maior cidade do País, São Paulo, derrotando o rival direto PT – ou foi uma vitória de outro padrinho do prefeito, o governador Tarcísio de Freitas, tão elogiado por ele no palanque como meu líder máximo. há contradições. como Tarcísio é cria eleitoral de Bolsonaro, há quem aponte a vitória do ex-presidente nesse embate com Lula na capital, e há quem diga que o governador já tem luz própria e vai se distanciar do ex-presidente inelegível. A conferir os próximos dois anos.
Bolsonaro comemora a eleição de apoiados diretamente por ele em duas capitais do agronegócio – Cuiabá e Campo Grande – , e uma capital do Nordeste, em Aracaju, mas ele amargou derrota em outras nove capitais. Neste cenário supracitado de medição de forças entre Bolsonaro e Lula, os próximos dois anos e a relação com estas prefeituras-vitrines podem nortear os votos em 2026 para uma eventual candidatura à reeleição de Lula, contra um candidato da centro-direita apoiado por Bolsonaro. vamos aos cenários de algumas cidades que escolhi:
São Paulo
Em SP, Nunes foi reeleito com 19% de vantagem contra Guilherme Boulos (PSOL), o nome de Lula da Silva. Uma prova de que o paulistano ainda torce o nariz para certos personagens caricatos da cena política local. Boulos é deputado federal muito bem votado. o paulistano se mostra cauteloso e conservador quando se trata de cuidar do seu quintal. ou seja, é capaz de mandar boulos e tiririca bem votados para Brasília, como deputados, mas não fazê-los prefeitos.
Em Belém, Igor (MDB) venceu com 56,36% o bolsonarista Delegado Eder Mauro (PL) , com 43,64%. Igor foi a aposta do governador Helder Barbalho (MDB), que está colado em Lula e já é citado como um vice potencial na chapa do Barba na reeleição em 2026, caso Alckmin saia candidato a senador ou a governador em São Paulo. Belém, então, foi uma vitória de Lula, pela afinidade do governador padrinho da candidatura local.
Vice de dois mandatos de Rafael Greca, o prefeito que se aposenta, Eduardo Pimentel, do PSD, obteve 57,64% . Ele venceu a bolsonarista Cristina Graeml (PMB), que conseguiu 42,36%,. Pimentel foi apadrinhado também por Ratinho Junior, o governador que agora desponta um grande cabo eleitoral. Ratinho conseguiu eleger 136 prefeitos no Estado. E surge um potencial nome nacional do PSD – hoje ainda aliado do PT – para disputar a presidência.
Nem o passeio da primeira-dama no camburão da Polícia Federal antes da eleição, acusada de abuso de poder, foi capaz de abalar o voto no prefeito reeleito Cícero Lucena (do PP). Ele conseguiu 63,91% dos votos contra o bolsonarista Marcelo Queiroga, ex-ministro da Saúde, que obteve 36,09%. Embora Bolsonaro tenha perdido ali, não significa necessariamente uma vitória de Lula. o Progressistas, partido do prefeito, é bem alinhado ao bolsonarismo nacionalmente.
Fortaleza
A menor diferença entre adversários em capitais foi em Fortaleza. O petista Evandro Leitão levou a prefeitura da capital com 50,38%, apenas 10.838 votos a mais que o bolsonarista André Fernandes (PL). A cidade sol era uma aposta forte de Bolsonaro para tirar o domínio de décadas do município pela esquerda local. bateu na trave.
Belo Horizonte
Outra derrota para Bolsonaro foi em BH, um dos principais colégios eleitorais do Brasil e capital do Estado que sempre é fiel da balança nas eleições presidenciais. Ali, uma virada inesperada. Com a união da esquerda e centro, o prefeito Fuad Noman (PSD) conseguiu 53,73% dos votos e reverteu o quadro do 1º turno, contra o jovem bolsonarista Bruno Engler, do PL, que ficou com 46,27%.
Goiânia
Caso curioso também foi o de Goiânia, uma das capitais do agronegócio, onde Bolsonaro também investiu pesado, até baixando lá no dia da eleição. Candidato do governador Ronaldo Caiado, Sandro Mabel (União) conquistou 55,53% dos votos contra o bolsonarista Fred Rodrigues, com 44,47%. Bolsonaro aterrissou em Goiânia para medir forças com o líder local, e se deu mal. Caiado, que tirou Mabel do limbo e o fez prefeito, se mostra agora outro puxador de votos e nome do União Brasil que pode despontar candidato a presidente.
E segue a novela da vida real.