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Investigação da PF revela novas rotas do esquema de tráfico de cocaína escondida em cascos de navios

Investigação da PF revela novas rotas do esquema de tráfico de cocaína escondida em cascos de navios

Traficantes brasileiros estão fornecendo cocaína para países da Ásia e Oceania, segundo a Polícia Federal. Interceptação telefônica mostra que, pela primeira vez, uma carga foi enviada para Hong Kong.

Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça mostram detalhes de um esquema complexo envolvendo o tráfico de cocaína em navios que partem do Brasil. Investigação da Polícia Federal mostra como uma organização utiliza o Porto de Santos para chegar cada vez mais longe com suas entregas.

Quase um ano de material revelou detalhes da comunicação da quadrilha que se especializou no uso de mergulhadores para esconder drogas nos cascos dos navios.

“Fala que ele vai morrer, tio. Que nóis vai matar ele quando descer em terra. Apavora esse cara aí, nabi, Tu tá ficando louco, tu tá mexendo é com droga do comando, rapaz”, diz um dos criminosos em uma conversa interceptada.

Conversa interceptada pela Polícia Federal entre traficantes brasileiros. — Foto: TV Globo/Reprodução

A cocaína escondida em navios atracados no Brasil tem chegado na Ásia e na Oceania. De acordo com o delegado da PF em São Paulo, Dennis Cali, esse mercado é visado pelo alto valor pago.

“O entorpecente acaba sendo mais caro, temos algumas leis lá bem restritivas. Pelo custo mesmo operacional, como uma empresa do crime, eles acabam investindo onde o lucro é maior”, revela.

Tráfico interceptado

Em Busan, na Coreia do Sul, policiais coreanos interceptaram um navio. Com a ajuda de mergulhadores, encontraram os pacotes escondidos no casco: foram 100 quilos de cocaína.

A notícia se espalhou pelo país e acendeu um alerta nas polícias de todo o mundo, inclusive no Brasil.

“Nós fomos comunicados pelos colegas do DEA [agência antidrogas] dos Estados Unidos a respeito de uma apreensão de cocaína dentro da caixa de mar dos navios. Se identificou que a colocação da droga é feita por mergulhadores, enquanto o navio se encontra na área ou de fundeio ou atracado nos portos”, diz o chefe de divisão de drogas da PF, Osvaldo Scalezi Junior.

A Polícia Federal confirmou que o navio da Coreia do Sul esteve no Brasil um mês antes. As drogas são armazenadas em compartimento chamados de “caixa do mar”.

  • 📦Caixa do mar: de acordo com a PF, traficantes brasileiros se especializaram em esconder cocaína nesses compartimentos dos navios que ficam a 15 metros de profundidade e servem para resfriar o motor da embarcação.

Ainda segundo a PF, é preciso o empenho de mergulhadores especializados tanto no Brasil como no destino das embarcações.

🛥️ Lancha blindada

Lancha da Marinha atua na fiscalização dos navios. — Foto: TV Globo/Reprodução

Lancha da Marinha atua na fiscalização dos navios. — Foto: TV Globo/Reprodução

Para coibir esse crime, a Marinha do Brasil utiliza uma lancha blindada fortemente armada que monitora os navios. Equipes de mergulhadores também são utilizadas para vasculhar os cascos.

“A equipe da Marinha sempre tem buscado colaborar com as ações da Polícia Federal e a gente já encontrou bastante ilícitos, drogas, nos cascos de muitos navios aqui no Porto de Santos”, diz um mergulhador.

Segundo a PF, na carga de cocaína apreendida na Coreia do Sul foi encontrado um rastreador que é utilizado pelas organizações criminosas para monitorar a droga traficada.

Ratreador é utilizado por criminosos para monitorar a droga. — Foto: TV Globo/Reprodução

Ratreador é utilizado por criminosos para monitorar a droga. — Foto: TV Globo/Reprodução

Por causa do aparelho, foi possível ver o percurso da droga e quem o ativou e chegou-se a um endereço próximo ao porto de Santos.

A informação foi fundamental para monitorar os criminosos e interceptar as ligações telefônicas.

A Polícia Federal explica que esse trabalho de investigação serve justamente para evitar ações de confronto. “A ideia é sempre você subir a pirâmide da hierarquia das organizações criminosas, identificar os líderes e aquelas pessoas que efetivamente têm algum tipo de controle, de comando nas ações criminosas”, completa Scalezi Junior.

Novo mercado

Em quase um ano, a polícia apreendeu 670 quilos de cocaína e conseguiu comprovar, pela primeira vez, que os mergulhadores do tráfico também usam os cascos dos navios para enviar droga para a China.

Em um dos áudios, um dos chefes da facção criminosa, segundo a PF, exige que a mercadoria chegue ao destino, em Hong Kong. O apelido dele é “Do Mar”, ainda não identificado pela polícia.

“Tem que ter certeza de que vai para o Kong, ok? E não tem pressa. Que a gente precisa de um trabalho bem-feito, com segurança”, diz.

Homem identificado como Do Mar fala sobr entrega de cocaína em Hong Kong. — Foto: TV Globo/Reprodução

Homem identificado como Do Mar fala sobr entrega de cocaína em Hong Kong. — Foto: TV Globo/Reprodução

Na semana passada, a PF fez uma operação para prender os traficantes e seis suspeitos foram detidos. Quatro estão foragidos, incluindo Do Mar.

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