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Lewandowski envia decreto que dá poder ao governo federal para definir regras sobre abordagens policiais

Lewandowski envia decreto que dá poder ao governo federal para definir regras sobre abordagens policiais

Proposta diz que repasses do Fundo Nacional de Segurança Pública ficarão “condicionados” ao cumprimento das regras elaboradas pelo ministério da Justiça

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, encaminhou nesta quarta-feira à Casa Civil a proposta de um decreto que dá poder ao governo federal para definir regras sobre o uso da força por policiais de todo o país. Para entrar em vigor, o texto ainda precisa ser avalizado pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A medida vem à tona em meio a episódios de abusos cometidos por alguns policiais militares de São Paulo. Dois deles acabaram sendo presos e outros 45 foram afastados das ruas nas últimas semanas.

O decreto prevê que cabe ao ministério da Justiça “editar normas complementares a este decreto sobre o uso da força e instrumentos de menor potencial ofensivo”. Essas regras irão deliberar sobre o uso de algemas, busca pessoal e domiciliar e atuação em ambientes prisionais. O conteúdo delas deve ser publicado em 90 dias a partir da edição do decreto.

Entre as novidades que estão sendo estudadas pela pasta, estão a necessidade de haver uma “fundada suspeita” para que o agente público realize revista em pessoas e carros e o detalhamento da sequência de ações tomadas durante operações policiais, incluindo suas justificativas. Conforme a nova medida, as algemas só poderão ser aplicadas em “casos excepcionais” de risco de fuga e perigo à integridade física; mortes ocorridas em ações da polícia deverão ser notificadas “imediatamente” ao Ministério Público; e um comitê deve ser criado para monitorar, documentar e analisar as abordagens policiais.

A adoção das medidas não é obrigatória, mas servirá como condição para o repasse de verbas do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), principalmente na aquisição de equipamentos. Desta forma, o governo pretende fazer com que as regras federais sejam implementadas por cada um dos 27 entes federados.

“O repasse de recursos do Fundo (…) está condicionada à observância do estabelecido neste decreto”, diz o texto do decreto.

Comitê Nacional de Monitoramento

A proposta cria ainda o “Comitê Nacional de Monitoramento do Uso da Força”, que tem como objetivo “monitorar e avaliar” a implementação das regras previstas no decreto. Segundo a pasta, o colegiado terá a participação de membros da sociedade civil, além de representantes das forças.

O texto também orienta os órgãos de segurança a “manterem mecanismos de controle e supervisão do uso da força” por meio do fortalecimento das Corregedorias e Ouvidorias da Polícia e a “documentação” de ocorrências que resultarem em lesão ou morte ou “envolverem o emprego de armas de fogo ou de instrumentos de menor potencial ofensivo em ambientes prisionais”.

Segundo o documento, o emprego de armas letais deve ocorrer em “último recurso” e os profissionais de segurança devem priorizar a “comunicação, a negociação e o emprego de técnicas que impeçam uma escalada da violência”. O objetivo é limitar ações que possam provocar “ofensas, ferimentos ou mortes”.

O projeto diz que é de competência dos órgãos de segurança estaduais “atualizar e publicar atos normativos” que regulem o uso da força, compilar dados e disponibilizar aos agentes “dois instrumentos de menor potencial ofensivo e equipamentos de proteção indicial”.

Ao Ministério da Justiça, cabe financiar, “conforme a disponibilidade orçamentária”, ações que atendam a essas diretrizes; e “monitorar” a aplicação delas por meio da padronização de procedimentos, doutrina e treinamento.

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