Remédio é de baixo custo e está disponível nas unidades básicas de saúde. Confira como deve ser feita a prescrição, quais os efeitos colaterais, as medicações similares e quando ele é contraindicado.
Um dos medicamentos disponíveis para controlar a hipertensão ocupa o segundo lugar no ranking dos mais vendidas no Brasil: a losartana potássica. O medicamento é indicado também em alguns casos de insuficiência cardíaca. Mas para este problema, a losartana não é a primeira escolha, e sim opcional.
(Abaixo, nesta reportagem, tire dúvidas sobre como age o medicamento, como conseguir o remédio, contraindicações e mais. Mas antes, um alerta ⚠️: nenhum remédio deve ser usado sem receita e as informações desta reportagem são voltadas a apoiar quem já teve indicação de uso)
Ao diminuir e controlar a pressão, a Losartana pode prevenir a ocorrência de infarto e derrame pelo controle da pressão. Ela também é indicada em para alguns casos de cardiomiopatia hipertrófica – uma doença onde o músculo do coração fica mais grosso – mas essa é mais rara.
A hipertensão atinge 27,9% da população brasileira e é caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. Ela acontece quando os valores são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg, o famoso 14 por 9. No Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a hipertensão afeta mais as mulheres (54%).
Assim como qualquer medicamento, se a losartana for indicada para o tratamento da hipertensão, ela deve ser usada para o resto da vida, sempre com a avaliação médica do controle buscado, explica Luiz Bortolotto, cardiologista do InCor HCFM-USP e diretor da Unidade de Hipertensão.
O médico acrescenta que a maioria dos pacientes com hipertensão arterial precisa de mais de uma medicação para controle. Se houver a indicação da losartana, por exemplo, a maioria vai precisar juntar com Hidroclorotiazida, Nifedipina ou Anlodipino, entre outros.
Como ele funciona?
O remédio bloqueia o receptor onde age uma substância chamada angiotensina 2, que é produzida no rim. Indiretamente, ele causa uma dilatação dos vasos e pode ajudar a reter menos líquido e menos sal. Ele não é diurético, mas tem esse efeito indireto.
Acesso ao medicamento
A losartana é considerada uma medicação de baixo custo é comercializada por várias empresas e disponibilizada pelas UBSs (Unidades Básicas de Saúde).
Incompatibilidade com outros medicamentos
•A losartana não pode ser usada junto com Captopril ou Enalapril, que também são inibidores da enzima conversora de angiotensina
Confira outros medicamentos disponíveis no mercado para tratar a hipertensão arterial:
- Hidroclorotiazida (9° na lista dos mais vendidos no país, de acordo com o anuário estatístico de medicamentos da Anvisa)
- Enalapril
- Captopril
- Atenolol
- Anlodipina (antagonista de canais de cálcio)
- Olmesartana
- Valsartana
- Irbesartana
- Candesartana
- Telmisartana
- Nifedipino
- Anlodipino
Efeitos colaterais
Como toda medicação, a Losartana pode trazer alguns efeitos colaterais, como eventualmente:
- Angioedema (embora seja muito raro)
- Um pouco de tosse (embora a tosse é mais comum nos pacientes que usam, por exemplo, Captopril e Enalapril)
- Hipotensão (pressão baixa)
Risco de superdose
Casos de superdose são raros (menos de 2%), mas – quando ocorrem – o principal efeito é elevar o potássio no sangue e trazer prejuízos como arritmia e problemas um pouco mais sérios do ritmo do coração.
Quando a losartana é contraindicada ou usada com cautela
- É contraindicada para gestantes, assim como o Enalapril – também usado no controle da pressão. Para mulheres grávidas com hipertensão, costumam ser prescritos fármacos como: Metildopa, Nifedipina e Amlodipina.
- Também não pode ser indicada quando já houve alergia a componentes dos bloqueadores receptores da angiotensina
- Deve ser usada com cautela em pacientes que têm uma falência renal mais avançada ou um nível de potássio no sangue mais alto.
⚠️ Como deve ser feita a prescrição?
A losartana não pode ser tomada sem prescrição médica e costuma ser administrada uma ou duas vezes ao dia. A dose mínima é de 25 miligramas e, a máxima, 100 miligramas por dia.
Deve-se evitar consumo durante as refeições e manter a administração sempre nos mesmos horários.
O remédio deve ser armazenado em lugar seco e não exposto ao sol.
Entre os exames para verificar o controle da pressão, estão o de creatinina, para ver o funcionamento dos rins, e do potássio, para ver se o mesmo não está alto.
“Em termos de prevenção pelo controle da pressão, há estudos mostrando o benefício com o uso da Losartana em prevenção de progressão da função renal e falência renal, assim como outros anti-hipertensivos também têm demonstrado”, afirma Bortolotto.
Em 2022, a Anvisa determinou o recolhimento e interdição de lotes de losartana
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou, em 23 de junho de 2022, o recolhimento e interdição de diversos lotes de vários fabricantes do medicamento losartana, usado para tratar pressão alta.
A agência detectou a impureza “azido” – uma substância que pode causar mutações – em uma concentração acima do limite de segurança aceitável nos remédios. A presença do azido no insumo farmacêutico da losartana foi identificado no mundo em setembro de 2021. O contaminante pode aparecer durante a produção do insumo farmacêutico ativo, que é utilizado pela indústria farmacêutica para fabricar o medicamento final.
À época, a agência recomendou que os pacientes que usavam o remédio deveriam continuar o tratamento, pois a medida era preventiva. E só recomendou trocar de remédio quando o paciente já tivesse uma nova caixa em mãos.
Fatores de risco para a hipertensão arterial
A hipertensão ou pressão alta não tem cura e, em 90% dos casos, é herdada dos pais. Mas existem fatores de riscos que influenciam nos níveis da pressão arterial, como:
- Fumo;
- Consumo de bebidas alcoólicas;
- Obesidade;
- Estresse;
- Elevado consumo de sal;
- Níveis altos de colesterol;
- Falta de atividade física.
A pressão alta pode causar uma série de riscos à saúde, como doenças cardíacas, Acidente Vascular Cerebral (AVC): danos aos rins, problemas oculares, aneurismas e d demência (saiba mais).