O administrador de empresas Alexandre Candido, 47 anos, CEO da ACP Bioenergia, com sede em Ribeirão Preto (SP), está expandindo sua produção de grãos e agora inclui o algodão na lista que ainda abrange a cana-de-açúcar. Depois de fixar nove pólos agrícolas, colhendo soja, milho e cana-de-açúcar em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Tocantins, o grupo desembarca na Bahia.
O local de produção é no Baixio de Irecê, uma região de irrigação no médio São Francisco, entre os municípios de Xique-Xique e Itaguaçu. É considerado o maior projeto de irrigação da América Latina e possui uma área total de 105 mil hectares, com 48 mil deles já destinados à irrigação.
Por lá, a ACP vai cultivar 15 mil hectares para colher soja, milho e algodão, num sistema totalmente irrigado a partir de outubro de 2026.
A principal motivação estratégica da ACP é a busca por estabilidade e previsibilidade de caixa, unindo tecnologias de irrigação por pivô central e gotejamento que oferecem mais segurança num cenário de mudanças climáticas constantes e quebras de safra acentuadas.
“Lá no Baixio, têm altitude, luminosidade, calor e têm água através da irrigação. Entendemos que esses fatores são bem propícios a uma produtividade elevada. E queremos exatamente a diversificação com a irrigação, pois ela traz estabilidade e previsibilidade, num ambiente que está cada dia mais instável,” diz Candido.
A ACP é uma das grandes produtoras de grãos e cana-de-açúcar do País e conta com 220 mil hectares sob contrato de longo prazo de arrendamento de terras (de 15 a 30 anos), incluindo as terras na Bahia. As metas de produtividade no novo polo são de 100 sacas de 60 quilos por hectare para a soja, 200 sacas para o milho e cerca de 380 arrobas para o algodão.
A produtividade do grupo na safra 2023/2024 foi de 75 sacas colhidas por hectare em áreas consolidadas. No total geral, foram quase 900 mil sacas produzidas. Os números equivalem a um total de 54 mil toneladas de grãos e 4,3 milhões de toneladas de cana.
A receita líquida em 2024 foi de R$ 731 milhões, representando um crescimento de 10% em relação ao ano anterior. O Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (EBITDA) foi de R$ 512 milhões.
A empresa está na disputa de um lugar ao sol com importantes concorrentes à sua frente, como os grandes grupos de produtores de grãos entre elas a Bom Futuro, SLC Agrícola, Amaggi e Scheffer.
Parceria com a Germina Baixio na Bahia
Abertura agrícola na Bahia foi possível por meio da parceria entre a ACP e a Germina Baixio, empresa de serviços para a hidroagricultura controlada pelo Grupo Equipav, uma plataforma brasileira de investimentos especializado em concessões de infraestrutura, com atuação nas áreas de saneamento, rodovias e irrigação.
Pelo acordo, a Germina Baixio investirá um total de R$ 1,1 bilhão em infraestrutura ao longo dos 35 anos de concessão da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), onde está alojado o Projeto Baixio do Irecê. Isso promoverá a criação de 180 mil empregos diretos e indiretos, beneficiando mais de 250 mil pessoas.
“Ela faz todos os investimentos, e a gente entra para fazer a operacionalização da atividade agrícola. Vamos plantar, fazer as correções de solo e colher. Existe uma participação definida para as partes, e a ACP tem uma participação muito maior”, diz Candido.
Pelas contas do empresário, com o polo de produção na Bahia, o plano é de um crescimento de 10% na receita da companhia quando a área alcançar sua maturidade em cerca de cinco anos.
O projeto Projeto Baixio do Irecê começou a ser concebido em 2018, com a concessão dos primeiros 16 mil hectares. Ele é pioneiro por estrear a modalidade de grande projeto público de irrigação a ser leiloado para a iniciativa privada. O primeiro leilão na B3 foi em 2022, quando a BRL T 2010 Fundo de Investimentos Multiestratégia arrematou uma concessão, na época por R$ 83,1 milhões.
Fonte: Forbes


