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Caso Marielle: o que acontece após a condenação dos assassinos

Caso Marielle: o que acontece após a condenação dos assassinos

Colaboração premiada dos assassinos Ronnie Lessa e Élcio Queiroz vai reduzir cumprimento da pena de ambos para, no máximo, 18 anos

Os executores da vereadora Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes, foram condenados na quinta-feira (31/10)Ronnie Lessa, autor dos disparos, e Élcio Queiroz, motorista no momento do crime, foram sentenciados a penas de 78 e 59 anos, respectivamente. Além disto, eles vão ter de pagar juntos indenizações que juntas somam mais de R$ 3,53 milhões.

O ex-policial Ronnie Lessa foi condenado à pena de 78 anos, 9 meses e 30 dias/multa. Já o comparsa dele no crime, Élcio Queiroz teve pena determinada de 59 anos, 8 meses e 10 dias/multa. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) havia pedido condenação máxima de 84 anos para os dois.

Como assinaram um acordo de colaboração premiada, a pena deles será reduzida. No acordo, antes mesmo do julgamento, já estava estipulado o prazo máximo a que cumpririam como pena.

No caso de Ronnie Lessa, como o Metrópoles divulgou em junho deste ano, o acordo previa que a pena dele seria de 18 anos. Como já cumpriu parte da pena, ele poderá passar ao regime semiaberto em 12 de março de 2037. O período na cadeia, desde a prisão em 12 de março de 2019, já conta. Os dois anos seguintes da pena serão no regime semiaberto. Daí, então, ele ficará 10 anos em liberdade condicional.

No caso de Élcio, a prisão, pelo acordo de colaboração premiada, será de 12 anos em regime fechado. O prazo também conta do dia 12 de março de 2019, quando foi preso, à época, como suspeito do crime.

Além da pena de reclusão, eles vão pagar juntos uma indenização por dano moral no valor de R$ 706 mil para cada uma das vítimas: Arthur (filho de Anderson) e Ágatha (esposa de Anderson); Luiara (filha de Marielle); Mônica (viúva de Marielle) e Marinete (mãe de Marielle). Juntos, os valores somam mais de R$ 3,53 milhões.

Os dois condenados terão de arcar também com uma pensão até que o filho de Anderson Gomes, motorista de Marielle, complete 24 anos. O valor não foi mencionado na leitura da sentença. As custas do processo ficarão por conta de Lessa e Élcio.

Ambos tiveram a prisão preventiva mantida e o pedido para recorrer em liberdade negado. Com isto, Lessa permanece no Complexo Penitenciário de Tremembé, em São Paulo, onde está desde o meio do ano, após ser transferido por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Élcio está detido no Complexo da Papuda, em Brasília (DF), onde continuará a cumprir a pena de reclusão.

Mandantes

A condenação da dupla encerra uma parte do caso. Há outras cinco pessoas presas, entre elas, os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão. Eles são acusados de serem os mandantes da execução de Marielle. Eles negam a autoria. O processo corre no STF e já passou por audiências de instrução.

No processo, além dos irmãos, a Procuradoria-Geral da República (PGR) também denunciou outras três pessoas: dois policiais que trabalhavam para a dupla e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa.

Emoção após leitura de sentença

Após a leitura da sentença, as famílias de Marielle Franco e Anderson Gomes caíram no choro. Ao saírem da sala do júri, elas se manifestaram. Irmã de Marielle, Anielle Franco afirmou que o resultado “começa a dar um gosto de justiça“. Ela disse também que o julgamento é uma resposta para o “mundo inteiro”.

A viúva de Marielle, Mônica Benicio, enfatizou que a condenação dos envolvidos no crime não proporciona justiça, mas não deixa de ser importante. “Não há justiça possível. Mas, sem dúvida, esse é um marco”, disse ela.

Pai de Marielle, Antônio Francisco manifestou que as atenções da família agora se voltam para a questão dos mandantes do crime.

“Hoje, tivemos uma resposta com a condenação dos réus confessos. Para nós, era de suma importância a condenação deles. Se a Justiça não tivesse condenado esses assassinos cruéis, não teríamos um minuto de sossego. Agora, a pergunta que vamos fazer é: quando serão condenados os mandantes?”, afirmou o pai da vereadora.

O crime

Marielle Franco foi assassinada, no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro, na noite de 14 de março de 2018. À época, ela tinha pouco mais de um ano de mandato como vereadora da cidade do Rio de Janeiro. Marielle voltava de um encontro de mulheres negras na Lapa. Élcio emparelhou o carro que dirigia e Lessa fez os disparos. Foram 13 tiros.

Os disparos atingiram também o motorista dela, Anderson Gomes. Lessa explicou durante o julgamento que, como a munição utilizada foi a 9 mm, ela tem um poder grande de “transfixar”, o que fez que os disparos que acertaram Marielle também chegassem ao corpo do motorista.

A assessora de imprensa da parlamentar, Fernanda Chaves, que estava ao lado de Marielle no carro, foi ferida por estilhaços, mas sobreviveu.

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