Cientistas alegam ter encontrado alternativa de tratamento para doença de pele que pode levar a infecções generalizadas mortais
A necrólise epidérmica tóxica (NET) é uma doença de pele rara e pouco compreendida. Ela atinge duas pessoas a cada um milhão, e começa com sintomas semelhantes aos da gripe, seguidos por um processo de descamação extremamente doloroso. Nos quadros mais graves, ocorrem infecções fatais.
Também conhecida como Síndrome de Lyell, a necrólise epidérmica tóxica era considerada um desafio para a medicina, já que não existia nenhum tratamento eficaz para combatê-la. Uma pesquisa publicada na revista Nature em outubro, porém, parece ter indicado um caminho para tratar a condição.
O que é a NET?
A NET ocorre, na maioria dos casos, em consequência de uma reação alérgica da pele ao uso de certos medicamentos. Antibióticos como as sulfonamidas e os betalactâmicos, entre eles a penicilina, são os principais causadores do quadro, mas mais de 200 medicamentos já foram associados à condição.
A doença começa com pequenas bolhas no rosto e no peito, que depois aparecem no interior da boca, dos olhos e genitais. Em alguns casos, a condição provoca sepses (infecções generalizadas), que são potencialmente fatais.
Os pacientes com NET costumam ser internados em UTI e recebem uma bateria de remédios para reduzir a dor e repor os nutrientes necessários para que o corpo debele a infecção e se recupere. Até aqui não há um tratamento aprovado capaz de deter a doença.
O tratamento descoberto
A pesquisa divulgada na Nature relata um tratamento experimental realizado em sete pacientes alemães. Segundo o estudo, o método usado não só reduziu o risco de morte, como também a ocorrência de sepse nos pacientes.
“Todas as sete pessoas tratadas com a terapia apresentaram melhora rápida e recuperação completa, com resultados surpreendentes que provavelmente revelaram uma cura para a doença”, comemorou Holly Anderton, uma das investigadoras que participou da pesquisa, em comunicado à imprensa.
O tratamento é feito com inibidores imunológicos que controlam a reação do corpo antes da progressão da doenças. Os medicamentos, chamados inibidores de JAK (JAKi), já estão aprovados para o tratamento da artrite reumatoide grave.
“Costumava levar semanas para um paciente se recuperar dos danos da NET, mesmo depois de parar de tomar o medicamento que desencadeou a reação adversa. Ser capaz de reduzir a progressão poderá ajudar muito os pacientes diagnosticados a não passar por toda a dor”, conclui Anderton.