A taxa global de diabetes (tipo 1 e 2) dobrou entre os anos de 1990 e 2022. Pesquisadores apontam obesidade e má alimentação como causas para o aumento. O Brasil é o sexto país com maior número de pessoas com diabetes (22 milhões).
Dos 828 milhões de adultos com diabetes (tipo 1 e 2) no mundo, 445 milhões deles, mais da metade (57%), não receberam tratamento em 2022. É o que aponta uma pesquisa global divulgada, nesta quarta-feira (13), pela revista científica “The Lancet”.
No total, foram registradas taxas de tratamento estagnadas em muitos países de baixa e média renda. “Em 2022, apenas 5% a 10% dos adultos com diabetes em alguns países da África Subsaariana receberam tratamento, deixando um grande número em risco de complicações graves de saúde”, disse o professor Jean Claude Mbanya, da Universidade de Yaoundé, em Camarões.
Os sete países com os índices mais baixos de cobertura para diabetes foram: Índia (133 milhões), China (78 milhões), Paquistão (24 milhões), Indonésia (18 milhões), Estados Unidos (13 milhões), Bangladesh (13 milhões) e Brasil (10 milhões).
A pesquisa mostra que a taxa global de pessoas com diabetes dobrou de aproximadamente 7% para cerca de 14%, entre 1990 e 2022. Em 1990, o número era de 198 milhões, enquanto em 2022 o número passou a 828 milhões. Desse total, é estimado que 22 milhões vivem no Brasil, o que torna o país com o sexto maior número de pessoas com diabetes no mundo.
Os pesquisadores apontam que a obesidade e a má alimentação são os principais fatores para o aumento da diabetes em nível global. Só no Brasil, é estimado que 75% dos adultos brasileiros terão obesidade ou sobrepeso em 20 anos.
“Prevenir o diabetes por meio de uma dieta saudável e exercícios é essencial para uma saúde melhor em todo o mundo. Nossas descobertas destacam a necessidade de ver políticas mais ambiciosas, especialmente em regiões de baixa renda, para que restrinjam alimentos não saudáveis, tornem alimentos saudáveis acessíveis e melhorem as oportunidades de exercícios, por meio de medidas como a entrada gratuita em parques públicos e academias de ginástica”, afirma o Dr. Ranjit Mohan Anjana, da Fundação de Pesquisa de Diabetes de Madras, na Índia.
👉🏽Veja mais destaques da pesquisa:
- Os seis países com os maiores números de pessoas com diabetes são: Índia (212 milhões), China (148 milhões), Estados Unidos (42 milhões), Paquistão (36 milhões), Indonésia (25 milhões) e Brasil (22 milhões).
- De 1990 a 2022, as taxas globais de diabetes dobraram tanto em homens (6,8% em 1990 para 14,3% em 2022) quanto em mulheres (6,9% para 13,9%).
- As taxas mais altas de tratamento contra diabetes foram encontradas na Bélgica, com 86% de cobertura para mulheres e 77% para homens.
- O estudo, realizado pela NCD Risk Factor Collaboration (NCD-RisC) em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), usou dados de mais de 140 milhões de pessoas com 18 anos ou mais de mais de mil estudos em populações de diferentes países.
O que é diabetes
Diabetes é uma doença crônica (que não tem cura e não se resolve em um curto período), que resulta do aumento da glicose (açúcar) no sangue.
🔬 Quando a glicemia (concentração de glicose) está alta, a capacidade do corpo de eliminar os radicais livres (moléculas liberadas pelo organismo que podem causar morte celular) é reduzida, o que compromete o metabolismo de diversas células.
🩸 Por essa razão, pessoas com diabetes podem sofrer com dificuldade de cicatrização, já que as células responsáveis por esse processo são afetadas pelos radicais livres e não conseguem atuar como deveriam. Além disso, a má circulação sanguínea também prejudica a cicatrização.
Existem quatro tipos principais da doença: pré-diabetes — que acontece quando o nível de glicose está alto, mas ainda é anterior ao quadro de diabetes —, diabetes tipo 1, diabetes tipo 2 e diabetes gestacional.