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Reposição de testosterona é para todo mundo? Entenda quando ela é indicada e os riscos do uso sem recomendação

Reposição de testosterona é para todo mundo? Entenda quando ela é indicada e os riscos do uso sem recomendação

A reposição de testosterona, quando bem indicada, pode melhorar muito a qualidade de vida da pessoa. Mas não faz sentido repor um hormônio se ele não está em falta.

Conhecida como o principal hormônio sexual masculino, a testosterona desempenha um papel importante em funções que vão além da reprodução, influenciando aspectos como força muscular, densidade óssea, energia e humor.

Mas quando a reposição é mesmo necessária? Ela é para todo mundo? Quais os riscos? O uso abusivo do hormônio (e sem recomendação) pode levar a problemas cardíacos, problemas hepáticos e efeitos masculinizantes em mulheres.

“A testosterona é responsável pelo desenvolvimento das características sexuais: o desenvolvimento do pênis, os pelos, o desenvolvimento da massa muscular. Ela também tem ação no sistema ósseo, garante a libido masculino, ajuda na parte metabólica”, explica a endocrinologista Karen de Marca, diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Embora em níveis muito mais baixos, a testosterona também é importante para as mulheres, sendo produzida principalmente nos ovários e nas glândulas adrenais. O hormônio pode contribuir para a libido, saúde óssea, energia e humor.

Quem precisa de reposição de testosterona?

A reposição de testosterona não é para todo mundo. Ela só é indicada em casos muito específicos.

  • Em mulheres com diagnóstico de desejo sexual hipoativo (DSH), distúrbio sexual que se caracteriza por uma diminuição ou cessação do desejo sexual por mais de seis meses.
  • Em homens com hipogonadismo, uma condição na qual o corpo não produz testosterona suficiente devido a problemas nos testículos ou glândula pituitária, ou homens com alguma síndrome genética que afeta a produção de testosterona.

O diagnóstico deve ser feito com base em exames clínicos e laboratoriais. Entre os sinais que podem indicar baixa testosterona estão fadiga, perda de libido, dificuldades de concentração, perda de massa muscular e alterações de humor.

E para exercício físico? Os especialistas lembram que não há indicação para reposição de testosterona visando o vigor físico ou a estética. Lembrando que os chamados “chips da beleza” são proibidos no Brasil.

As mulheres e a testosterona

Nas mulheres, a reposição ocorre quando há o diagnóstico de desejo sexual hipoativo (baixa da libido). Geralmente, esse distúrbio surge na pós-menopausa ou em mulheres com insuficiência ovariana prematura.

Só que nem sempre esse distúrbio está ligado a parte hormonal. A falta de libido pode estar relacionada com o emocional, por exemplo. Se, após a avalição com um profissional, ficar comprovado que a falta de testosterona é a “culpada” pela disfunção, daí sim o profissional pode indicar a reposição.

“A indicação não está relacionada com dosagem, o diagnóstico não se baseia em testes de concentração hormonal. As mulheres já têm a testosterona baixa. Usamos a dosagem para ver se não há excesso do hormônio”, alerta José Maria Soares Júnior, presidente da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Endócrina da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

O excesso de testosterona pode gerar efeitos colaterais como acne, crescimento de pelos, aumento do clitóris e engrossamento da voz.

Karen de Marca lembra que estar na menopausa não é sinônimo de repor testosterona, já que o principal hormônio sexual feminino é o estrogênio.

“Se a mulher está com a função sexual muito prejudicada, não pensa em sexo, não tem vontade, se masturba e não sente nada, não responde aos estímulos, ela pode ter o diagnóstico de DSH. Podemos prescrever e observar se impactou positivamente. Se não funcionou, iremos procurar outros tratamentos”, diz a endocrinologista.

Os homens e a testosterona

A reposição é indicada para homens que têm uma condição chamada hipogonadismo, em que o corpo não consegue produzir testosterona suficiente por conta própria. Esse diagnóstico é feito com base em exames de sangue que confirmam níveis consistentemente baixos de testosterona, combinados com sintomas que afetam o bem-estar.

Luiz Otávio Torres, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), explica que a testosterona é importante na puberdade, quando ocorre o desenvolvimento sexual masculino, com aumento do pênis, o surgimento de pelos e o funcionamento dos testículos. Se o profissional identifica que o adolescente está com baixa produção do hormônio, a reposição é indicada nessa fase.

A queda gradual da testosterona com a idade é algo comum, mas nem sempre exige reposição. A reposição só é feita depois de um diagnóstico combinado: clínico e laboratorial. O indivíduo precisa estar com os níveis de testosterona baixos e ter sintomas, como diminuição de desejo, cansaço, fadiga, irritabilidade.

“Se o paciente estiver com a testosterona baixa, mas sem sintomas, não indicamos a reposição. Também não indicamos se ele estiver com os sintomas, mas com a testosterona normal. Agora, se ele tem os sintomas e o hormônio está baixo, aí começamos a pensar na reposição”, explica o urologista.

A reposição de testosterona, quando bem indicada, pode melhorar muito a qualidade de vida da pessoa. Mas não faz sentido repor um hormônio se ele não está em falta.

Nas mulheres, a reposição sem acompanhamento pode trazer uma série de riscos, como a masculinização (engrossamento da voz e aumento de pelos faciais), além de elevação dos níveis de colesterol e alterações no humor.

“Pode ocorrer uma mudança no perfil lipídico, com a queda do HDL (colesterol bom) e aumento do LDL (colesterol ruim). Percebemos também a ocorrência de arritmias. A testosterona estimula os glóbulos vermelhos, podendo levar ao amento de risco de trombose e AVC isquêmico. O hormônio em excesso provoca alterações comportamentais em geral”, alerta Karen de Marca.

Nos homens, o excesso de testosterona está ligado a problemas cardiovasculares, infertilidade e até crescimento da próstata. Portanto, só deve ser realizada quando os benefícios para a saúde superam os riscos e sempre com orientação.

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